segunda-feira, 13 de agosto de 2012

terceira coletiva


















inaugurado na galeria de arte da usina cultural energisa em setembro de 2011, com a mostra, divortium Aquarum, do artista plástico convidado, josé rufino, o prêmio energisa de artes visuais prosseguirá durante todo o ano de 2012 com três exposições individuais e quatro coletivas, que inclui doze artistas selecionados/premiados. a comissão de curadores brasileiros responsável pela seleção/premiação dos inscritos levou em conta propostas que apresentassem processos investigativos, atitude reflexiva diante da produção artística contemporânea e adequação entre conceito e linguagem utilizados, dentre outros critérios.

as mostras individuais – com os artistas josé rufino, marlene almeida e sérgio lucena – tem por objetivo reconhecer e referendar a trajetória de artistas paraibanos, cuja produção alcançou níveis diferenciados de excelência perante as instituições e o mercado de arte. por sua vez, as mostras coletivas (com artistas oriundos de várias cidades do país) visam estabelecer uma aproximação entre artistas que vivem e produzem em diferentes contextos da arte brasileira, assim como revelar a multiplicidade e complexidade da cena contemporânea de artes visuais.

esta terceira coletiva, que ora se apresenta na galeria de arte da usina cultural energisa, será aberta no próximo 15 de agosto com a participação dos artistas julio meiron (sp), márcio almeida (pe) e grupo mesa de luz (df).

julio meiron é mestre em estética e história da arte e bacharel em artes plásticas com habilitação em escultura, ambos os títulos pela universidade de são paulo-usp. expôs na bienal de santos, na casa da cultura da américa latina, em brasília, no salão de arte de santo andré, onde recebeu prêmio-aquisição, entre outros. participou como artista da primeira turma do atelier amarelo, na capital paulista. promoveu o projeto expedição francisco para discutir as obras de transposição das águas do "velho chico". trabalhou em lugares como a secretaria de estado da cultura, o museu de arte contemporânea e o centro cultural banco do brasil, os três em são paulo. julio meiron vem desenvolvendo trabalhos que transitam pela escultura, desenho, instalação e demais linguagens. se tradicionalmente uma escultura é constituída de altura, largura e profundidade, julio meiron enfatiza uma quarta dimensão da obra, uma dimensão imaterial, que é o tempo. tempo este não só do espectador percorrer a obra, mas também tempo da memória de quem se coloca diante de um trabalho de arte. nesta coletiva, o artista apresenta a série absorção (2011). este site specific foi iniciado em 2008, em uma viagem de barco (transformado em ateliê flutuante) pelo rio são francisco, em meio às obras da transposição. nesta viagem, o artista acolchoava elementos do barco e da paisagem, aludindo à absorção artificial das águas. a proposta é envolver elementos da usina cultural energisa (e outros elementos de “fora”) com espuma de acolchoamento como forma de trazer o rio “absorvido” para a galeria, só que não através da engenharia, como pretende o polêmico projeto de transposição de suas águas, mas através da porosidade da arte contemporânea.

já o artista pernambucano márcio almeida apresenta a instalação habite-se (2006/2012), que consiste na ação de fotografar a colocação de obeliscos em determinados locais, significativos para determinada pessoa ou grupo de pessoas (curadores, artistas envolvidos na mostra e pessoas comuns) da cidade onde será realizada a exposição, dois meses antes da realização da mostra que deverão fotografá-los e enviar as fotos por e-mail, para que possa compor o work in progress. o indivíduo e suas relações com a cidade, a ocupação e a apropriação dos espaços são algumas reflexões sugeridas pelo trabalho. o trabalho ocupará parte da galeria onde na parede estarão fixadas fotos da intervenção (50x70cm) e no piso serão expostos os obeliscos, que são confeccionados em arame de ferro com aproximadamente 40 cm de altura e 10 cm de largura. márcio almeida nasceu em recife-pe (1963), onde vive e trabalha. realizou exposições individuais: na galeria renato carneiro campos (museu do estado, recife); no espaço cultural bandepe (recife); na galeria dumaresq (recife); objetos encadernados e outros objetos, no nave-núcleo de artes visuais e experimentos (recife); habite-se, na galeria amparo 60. coletivas: salão de arte contemporânea de pernambuco (recife, 1988, 1989 e 1992); vi samap (joão pessoa, 1991); treze artistas em tempos de cólera (espaço quarta zona de arte, recife, 1992).

o grupo mesa de luz, de brasília-df, conta com os artistas: hieronimus do vale (bacharel em artes plásticas pela unb. artista plástico e vj desde 2004). tomás seferin (estuda artes plásticas na unb e cursou engenharia de audio no sae, em paris) é artista plástico, produtor musical, sonoplasta e dj. marta mencarini é mestre em arte e tecnologia e bacharel em artes plásticas (unb). é artista plástica e professora de artes plásticas. atuações recentes do grupo: fora do eixo (brasília); 1º salão de arte contemporânea do centro-oeste (goiânia-go); circuito sesc de artes (15 cidades no interior de são paulo); festival de arte digital (belo horizonte); brasília aos ventos que virão... (brasília); festival internacional de teatro cenacontemporânea (brasília); df depois das fronteiras (brasília); 1277 minutos de arte efêmera (brasília); 61° salão de abril (fortaleza); festival internacional de linguagem eletrônica (sesi, são paulo); fora do eixo precipitações (brasília); #7 encontro de arte e tecnologia (brasília).


o grupo propõe a obra remixCIDADE: joão pessoa, apresentada em mídias contemporâneas (vídeo, instalação, performance). na verdade, trata-se de uma apresentação de cinema ao vivo, de um retrato da cidade de joão pessoa em que os artistas do grupo se propõem a desenvolver uma pesquisa de campo, coletando sons e objetos descartados ou esquecidos da cidade que farão parte de uma exibição de cinema ao vivo, mostrando assim a percepção dos artistas em relação à cidade e seus restos. com o olhar estrangeiro, influenciados pela paisagem, pela arquitetura e pelas pessoas, os artistas de forma intuitiva criarão um inventário de objetos descartados ou esquecidos que representarão percepções inusitadas de joão pessoa. a partir desta pesquisa, o grupo conceberá o espetáculo, em que os sons são remixados e as imagens criadas ao vivo.

uma conversa dos artistas expositores com o público interessado (estudiosos, estudantes, e professores de artes visuais, por exemplo) sobre processos criativos está prevista para acontecer, a partir de 15h, na sala vladimir carvalho da usina cultural energisa em 14 de agosto, véspera da abertura da coletiva, que permanecerá em cartaz até 16 de setembro.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

marlene almeida, tempo para o destino







o prêmio energisa de artes visuais prossegue a sua agenda de exposições de artistas convidados com a mostra tempo para o destino (de 20 de junho a 8 de julho de 2012) da artista plástica paraibana marlene almeida. inaugurado em setembro de 2011, com a mostra divortium aquarum, do paraibano josé rufino, o prêmio realizou, desde então, duas mostras coletivas e uma individual com artistas brasileiros, contemplando a produção dos artistas laércio redondo (pr), braz marinho (pb), amanda mei (sp), chico dantas (pb), aoleo (rj), júlio leite (pb) e mais recentemente o mineiro márcio sampaio.

aos 70 anos de idade, marlene almeida dá continuidade à pesquisa com pigmentos naturais que começou no final dos anos 1970, quando realizou a sua primeira exposição individual (em 1979) na fundação cultural da paraíba. desde a década de 90 o trabalho da artista tem como foco o tempo, ou mais especificamente, a passagem do tempo. “a impermanência ou a fragilidade é uma das maiores angústias do ser humano. tendo desenvolvido a capacidade de pensar, o homem racional é condenado a entender-se passageiro. impossível mudar a realidade. difícil caminhar sobre o aguçado fio da navalha”, reitera marlene.

em 1990, a artista montou a exposição passatempo, com objetos efêmeros, que lembravam ampulhetas modificadas. a exposição foi apresentada no centro cultural são francisco, em joão pessoa, e depois na galeria valú ória, em são paulo e no ICBRA, em berlim, na alemanha. as exposições seguintes também falavam do tempo: tempo (no NAC, UFPB), zeit vergeht, der natur der zeit (galerie drei, em dresden, na alemanha), grenze (galerie forum, berlim), limite (NAC, UFRN), zeit/grenze (galerie weisser elephant, em berlim), resistentes (NAC, UFPB) e passageiros (galeria sierra, joão pessoa).

a exposição tempo para o destino toma dos monitores dos voos internacionais, o aviso do tempo que falta para chegar ao próximo aeroporto: time to destination. fora do contexto e sem a informação do tempo restante, a expressão passa a indicar um destino desconhecido, incerto, sem data ou horário previsto. “que destino? o seu? o meu? o de todos? o do planeta? e, se não sabemos qual é o destino, como contar os dias, marcar os minutos, os segundos?”, questiona a artista.

um conjunto de objetos, tubos em tecido laminado, prata, cobre, cinza, preenchidos com areia como ampulhetas onde o tempo não pode passar, parece expressar o desejo de todos. outro conjunto de objetos suspensos e iluminados lembra o modo mais ancestral de medir o tempo: as varas de sombra.

a exposição também apresenta pinturas, em têmpera sobre tela. ainda tendo como foco a precariedade, ou a ação implacável do tempo, no fundo claro (terra branca) surgem restos vegetais retorcidos, fragmentos da natureza, a grande paixão da artista, em cores escuras e tons terrosos; sendo duas pinturas grandes, medindo 200x260cm cada; 3 trípticos, de 140x 210cm; um díptico, e um conjunto de telas de pequenos formatos, de dimensões variadas.

ao longo de mais de três décadas dedicadas ao aprofundamento da sua pesquisa, marlene almeida construiu uma obra em que o resultado estético é fruto das suas inclinações político-ideológicas, resultando numa confluência de força e sensibilidade raramente vistas nas artes visuais. sua obra é uma extensão do seu pensamento sobre a condição e a fragilidade humanas. “como caminhar ao contrário, pisando nas mesmas marcas se o retorno é impraticável, e os rastros se apagaram? como enganar o tempo, este inimigo invisível, e sair como louca, ocultando-me do mesmo, e virando tudo ao avesso, como um rio que estanca ante o desaguadouro natural, rejeita o mar e lança-se, não mais como um filete manso, mas como uma torrente caudalosa e voraz, em busca da sua nascente? afinal não é esse nosso desejo mais intenso? revolver a vida ou pelo menos, parar ante o inevitável destino?”, reflexões de uma mulher, mãe, militante, ativista e artista, que ao longo de sete décadas não se curvou à cronologia do tempo.

domingo, 10 de junho de 2012

márcio sampaio, poesia além do verso

















em continuidade às exposições de artistas selecionados no prêmio energisa de artes visuais, a fundação ormeo junqueira botelho apresenta a mostra poesia além do verso, do artista mineiro márcio sampaio, na usina cultural energisa, de 26 de abril a 5 de junho de 2012. abaixo segue o texto de apresentação da mostra pelo escritor bartolomeu campos de queiróz.


"se pertence à ordem do visual, está no campo da leitura. se passa pela carne, reside no espaço da poesia. por ser assim, a obra de márcio sampaio é uma apurada escrita poética. ao apropriar-se do mundo, ele o torna mais vasto por não ignorar a autonomia de sua desmedida fantasia. e dessa soma de corpo e fantasia – do vivido e do sonhado – ele registra em nós, ávidos leitores, um terceiro universo, que só adentramos recorrendo ao nosso imaginário. diante da poesia desenhada por márcio sampaio, um diálogo cuidadoso e subjetivo se estabelece. é que passamos a nos perguntar desde quando tudo é real e desde quando tudo é ideal.


o artista, ao se ausentar e nos deixar sua obra como herança maior, inaugura em nós um horizonte solitário que somente com o nosso próprio olhar podemos desobscurecer. mas o olhar acaricia a casca. o dentro das “coisas” só a fantasia alcança. daí, ser a sua obra um convite para um profundo mergulho em nosso inesgotável imaginário.ao derramar cor, sombra, luz e proporção sobre suas construções, márcio sampaio se torna responsável pelo que provoca em nós de inquietações e surpreendências. 


o que existe de humor, ironia, crítica ou subversão em seus escritos surge vestido de elaboradas técnicas, de refinada percepção, que confirmam a força da arte como elemento capaz de nos mobilizar usando das incertezas da dúvida. suas metáforas nos desequilibram e nos convidam a exercer a cruel liberdade de ter que escolher entre “ou isso ou aquilo”, entre o riso e o espanto.


a obra de márcio sampaio é propícia a todos. sem ter apenas os iniciados como destinatários, ela se faz um livro aberto com uma escritura que permite vários níveis de entendimentos. sua produção é um exercício democrático e cumpre definitiva função social ao aproximar os fruidores e concorrer para que todos desejem dar corpo às fantasias que dormem na intimidade de cada um de nós.


estar diante da obra de márcio sampaio é como percorrer uma livraria. lugar em que grande parte do mundo, com suas incoerências e acertos, se encontra à disposição de todos. de todos aqueles que sabem que expressar as emoções que moram no nosso corpo é revelar dores e riscos, mas perseguindo sempre o desejo de deparar com a beleza. só ela é capaz de apaziguar o desassossego do humano que pulsa em nós."

márcio sampaio
santa maria de itabira, minas gerais, 1941. vive e trabalha em belo horizonte.artista plástico, professor, poeta e crítico de arte. formação: escola de belas artes da UFMG (1964-67). história da arte com frederico morais e orlandino seixas. gravura em metal com josé lima. sociologia e estética com guido almeida (colégio de aplicação/UFMG, 1962-63). exposições desde 1962 em belo horizonte, ouro preto, galeria ipanema (rio de janeiro), museu de arte da UFMT (cuiabá), sala miguel bakun (curitiba). retrospectivas: fundação cultural (brasília, 1985), palácio das artes (belo horizonte, 2005), poesia além do verso, galeria cemig (belo horizonte, 2010). coletivas: arte latina (recife); visão da terra, MAM (rio de janeiro); tradição e ruptura, fundação bienal de são paulo; raízes e atualidade [coleção gilberto chateaubriand], belo horizonte, rio de janeiro e são paulo; salão nacional de belo horizonte; salão de arte global (recife); salão do ceará; salão da funarte; ix bienal internacional de são paulo. várias premiações em artes plásticas e literatura. fez curadorias, colaborou em jornais e revistas e publicou livros de poesia, catálogos e ensaios: amílcar de castro, jorge dos anjos, mário bhering.


http://www.crap-mg.art.br                                                                 
sampaiomarcio@yahoo.com.br

domingo, 4 de março de 2012

a segunda coletiva

















a fundação ormeo junqueira botelho retoma sua programação de exibir artistas selecionados no prêmio energisa de artes visuais – inaugurado na galeria de arte da usina cultural energisa em setembro de 2011, com a exposição, divortium aquarum, do artista plástico convidado, josé rufino – com obras de aoleo (rj), chico dantas e julio leite (pb).

até dezembro de 2012 o prêmio energisa prosseguirá com mais três exposições individuais (dois artistas paraibanos convidados, marlene almeida e sérgio lucena, e um premiado, márcio sampaio) e três coletivas, que incluirão nove artistas premiados. a comissão de curadores brasileiros – fernando cocchiarale, glória ferreira e raul córdula – responsável pela seleção/premiação dos 450 inscritos nesta edição do prêmio energisa de artes visuais, levou em conta propostas que apresentassem processos investigativos, atitude reflexiva diante da produção artística contemporânea e adequação entre conceito e linguagem utilizados, dentre outros critérios.

nesta segunda coletiva, o artista paraibano, chico dantas propõe a obra, terceiros, que consiste em um vídeo criado a partir de imagens captadas na internet e re-editadas, que mostram políticos envolvidos em cenas de corrupção, delinquentes capturados pela polícia e imagens do abate de um porco gravadas pelo autor, além de 30 fotomontagens digitais, que simulam documentos de identidade dos indivíduos, frames do vídeo e da imagem de um rótulo de embalagem para ração animal.

aoleo, artista natural do rio de janeiro, exibe obras que são resultado de uma pesquisa fotográfica, exercícios de reflexão, produzidas no período de residência em terrauna – bolsa interações florestais/funarte – entre março e abril de 2011. a obra, que consiste em fotografias com espelhos, insere o corpo na paisagem e a paisagem no corpo através de um jogo de reflexão. a palavra reflexão é pensada a partir de seu significado mais comum como fenômeno que se verifica quando um raio de luz incide sobre uma superfície plana e polida, voltando para o meio de onde partiu. além disso, reflexão é um ato em virtude do qual o pensamento se volta sobre si mesmo para examinar seus elementos e combinações.

já o artista, julio leite, também paraibano, nos apresenta sua sala de reforma. segundo o artista, “trata-se de uma simulação, usando o conceito de simulacro de jean baudrilard, em que utilizo elementos da construção civil para envolver um ambiente com tal aspecto.” a instalação é composta de fotografias de tijolos e pregos, além de restos e entulhos de construção (madeira, concreto, cimento, areia etc.) e um híbrido sonoro com “barulhos” de marretadas, marteladas, furadeiras, britadeiras... que são utilizados para “formatar” o ambiente da simulação.

mais uma vez, convidamos o público a “entrar” nas obras destes três artistas, que exibem num mesmo ambiente – a galeria da usina cultural energisa –, riquíssima interação entre diferentes linguagens e propostas, objetivo maior do prêmio energisa de artes visuais.

obs. uma conversa dos artistas expositores com o público interessado (estudiosos, estudantes, e professores de artes visuais, por exemplo) sobre processos criativos está prevista para acontecer, a partir de 15h, na sala vladimir carvalho da usina cultural energisa em 7 de março, véspera da abertura da coletiva, que permanecerá em cartaz até 15 de abril.

sábado, 7 de janeiro de 2012

primeira coletiva dos premiados















inaugurado na galeria de arte da usina cultural energisa em setembro de 2011, com a mostra, divortium aquarum, do artista plástico convidado, josé rufino, o prêmio energisa de artes visuais prosseguirá durante todo o ano de 2012 com três exposições individuais (dois artistas convidados e um selecionado/premiado) e quatro coletivas, que incluirá doze artistas selecionados/premiados. a comissão de curadores brasileiros responsável pela seleção/premiação dos inscritos levou em conta propostas que apresentassem processos investigativos, atitude reflexiva diante da produção artística contemporânea e adequação entre conceito e linguagem utilizados, dentre outros critérios.

as mostras individuais tem por objetivo reconhecer e referendar a trajetória de artistas paraibanos, cuja produção alcançou níveis diferenciados de excelência perante as instituições e o mercado de arte. por sua vez, as mostras coletivas (com artistas oriundos de várias cidades do país) visam estabelecer uma aproximação entre artistas que vivem e produzem em diferentes contextos da arte brasileira, assim como revelar a multiplicidade e complexidade da cena contemporânea de artes visuais.

a primeira dessas coletivas, que será aberta no próximo 19 de janeiro, terá a participação dos artistas, braz marinho (pb), amanda mei (sp) e laércio redondo (rj).

natural de sousa (pb), braz marinho vive e trabalha em jaboatão dos guararapes (pe), e seu trabalho já foi exibido em importantes instituições brasileiras e estrangeiras. a proposta por ele apresentada - tô dentro, tô fora - consiste em uma transmissão, realizada em tempo real, de imagens da av. epitácio pessoa, captadas por uma câmera escondida (estrategicamente instalada na fachada externa da usina cultural energisa) e projetadas no interior da galeria, como se inexistissem paredes separando este espaço do fluxo contínuo da avenida. ao transportar para o espaço expositivo interno assuntos ou fatos do espaço exterior (no caso, a av. epitácio pessoa), assim estabelecendo uma conexão entre o universo da arte e a realidade dos fatos, a ideia do artista é explorar as relações intrínsecas entre público e privado, individual e coletivo.

nascida em são paulo (sp), amanda mei tem licenciatura e bacharelado em artes plásticas pela fundação armando álvares penteado. participa de grupos de estudo e projetos de pesquisa no centro cultural são paulo, instituto itaú cultural, 28ª bienal de são paulo, faculdade santa marcelina, instituto tomie ohtake etc. sua proposta contempla a pintura a partir de experimentações com materiais alternativos (papelão, por exemplo), tendo como pano de fundo memórias e arquitetura dos espaços urbanos. trata-se de uma seleção de pinturas e fotografias que visam aproximar diferentes técnicas e apresentar modos diversos de perceber os espaços que nos circundam.

o paranaense, de paranavaí, laércio redondo, vive e trabalha entre estocolmo e rio de janeiro. cursou artes plásticas na fundação armando álvares penteado e realizou pós-graduação na konstfack, estocolmo, suécia. intitulado, carmen miranda – uma ópera da imagem, o projeto de laércio utiliza-se da imagem de carmen miranda: cantora luso-brasileira, atriz da broadway e de hollywood, estrela de cinema atuante entre os anos 1930-50. desenvolvido em colaboração com márcia sá cavalcante schuback, o projeto resultou em uma escultura sonora, que aborda principalmente os problemas da representação por meio do corpo performático de carmen miranda, um organismo público, que também se torna político, marcado por controvérsias entre brasil e estados unidos na década de 1940. a imagem de carmen é traçada por meio de categorias de deslocamento. pode ser lida como um corpo que possui e revela as fantasias e ansiedades da ideologia dominante em relação à diferença sexual e étnica, e que revela e esconde as mensagens conflitantes de gênero. desde então, carmen tem alegoricamente alimentado também uma imagem ou “interpretações carnavalescas” dos trópicos nos quatro cantos do mundo ao longo dos tempos.

uma conversa dos artistas expositores com o público interessado (estudiosos, estudantes, e professores de artes visuais, por exemplo) sobre processos criativos está prevista para acontecer, a partir de 15h, na sala vladimir carvalho da usina cultural energisa em 18 de janeiro, véspera da abertura da coletiva, que permanecerá em cartaz até 26 de fevereiro.